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Primeira Parte - A Profissão da Fé
Primeira Secção - «Eu Creio» - «Nós Cremos»
26. Quando professamos a nossa fé, começamos por dizer: «Creio», ou «Cremos». Portanto, antes de expor a fé da Igreja, tal como é confessada no Credo, celebrada na liturgia, vivida na prática dos mandamentos e na oração, perguntemos a nós mesmos o que significa «crer». A fé é a resposta do homem a Deus, que a ele Se revela e Se oferece, resposta que, ao mesmo tempo, traz uma luz superabundante ao homem que busca o sentido último da sua vida. Comecemos, pois, por considerar esta busca do homem (capítulo primeiro): depois, a Revelação divina pela qual Deus vem ao encontro do homem (capítulo segundo); finalmente, a resposta da fé (capítulo terceiro).
Capítulo Terceiro - A Resposta do Homem a Deus
Artigo 1 - Eu Creio
III. As características da féA FÉ É UMA GRAÇA
153. Quando Pedro confessa que Jesus é o Cristo, o Filho do Deus vivo, Jesus declara-lhe que esta revelação não lhe veio «da carne nem do sangue, mas do seu Pai que está nos Céus» (Mt 16, 17) (
A FÉ É UM ACTO HUMANO
154. O acto de fé só é possível pela graça e pelos auxílios interiores do Espírito Santo. Mas não é menos verdade que crer é um acto autenticamente humano. Não é contrário nem à liberdade nem à inteligência do homem confiar em Deus e aderir às verdades por Ele reveladas. Mesmo nas relações humanas, não é contrário à nossa própria dignidade acreditar no que outras pessoas nos dizem acerca de si próprias e das suas intenções, e confiar nas suas promessas (como, por exemplo, quando um homem e uma mulher se casam), para assim entrarem em mútua comunhão. Por isso, é ainda menos contrário à nossa dignidade «prestar, pela fé, submissão plena da nossa inteligência e da nossa vontade a Deus revelador» (
155. Na fé, a inteligência e a vontade humanas cooperam com a graça divina: «Credere est actas intellectus assentientis veritati divinae ex imperio voluntatis, a Deo motae per gratiam» - «Crer é o acto da inteligência que presta o seu assentimento à verdade divina, por determinação da vontade, movida pela graça de Deus» (
155. Na fé, a inteligência e a vontade humanas cooperam com a graça divina: «Credere est actas intellectus assentientis veritati divinae ex imperio voluntatis, a Deo motae per gratiam» - «Crer é o acto da inteligência que presta o seu assentimento à verdade divina, por determinação da vontade, movida pela graça de Deus» (
A FÉ E A INTELIGÊNCIA
156. O motivo de crer não é o facto de as verdades reveladas aparecerem como verdadeiras e inteligíveis à luz da nossa razão natural. Nós cremos «por causa da autoridade do próprio Deus revelador, que não pode enganar-se nem enganar-nos» (
A NECESSIDADE DA FÉ
161. Para obter a salvação é necessário acreditar em Jesus Cristo e n'Aquele que O enviou para nos salvar (
Artigo 2 - Nós Cremos
166. A fé é um acto pessoal, uma resposta livre do homem à proposta de Deus que Se revela. Mas não é um acto isolado. Ninguém pode acreditar sozinho, tal como ninguém pode viver só. Ninguém se deu a fé a si mesmo, como ninguém a si mesmo se deu a vida. Foi de outrem que o crente recebeu a fé; a outrem a deve transmitir. O nosso amor a Jesus e aos homens impele-nos a falar aos outros da nossa fé. Cada crente é, assim, um elo na grande cadeia dos crentes. Não posso crer sem ser amparado pela fé dos outros, e pela minha fé contribuo também para amparar os outros na fé.
Resumindo:
177. «Crer» tem, pois, uma dupla referência: à pessoa e à verdade; à verdade, pela confiança na pessoa que a atesta.
179. A fé é um dom sobrenatural de Deus. Para crer, o homem tem necessidade dos auxílios interiores do Espírito Santo.
180. «Crer» é um acto humano, consciente e livre, que está de acordo com a dignidade da pessoa humana.
181. «Crer» é um acto eclesial. A fé da Igreja precede, gera, suporta e nutre a nossa fé. A Igreja é a Mãe de todos os crentes. «Ninguém pode ter a Deus por Pai, se não tiver a Igreja por Mãe» (
184. «A fé é um antegozo do conhecimento que nos tornará felizes na vida futura» (
CREDO
SÍMBOLO DOS APÓSTOLOS (
CREDO DE NICEIA–-CONSTANTINOPLA (
Creio em Deus, Pai todo-poderoso,
Creio em um só Deus, Pai todo-poderoso,
e em Jesus Cristo, seu único Filho,
Creio em um só Senhor, Jesus Cristo,
que foi concebido pelo poder
E encarnou pelo Espírito Santo,
padeceu sob Pôncio Pilatos,
Também por nós foi crucificado sob Pôncio Pilatos;
Ressuscitou ao terceiro dia,
Creio no Espírito Santo;
Creio no Espírito Santo,
na santa Igreja Católica;
Creio na Igreja una, santa,
na remissão dos pecados;
Professo um só Baptismo Segunda Secção - A Profissão da Fé Cristã - Os Símbolos da Fé OS SÍMBOLOS DA FÉ 190.
O Símbolo divide-se, portanto, em três partes: «na primeira, trata da Primeira
Pessoa divina e da obra admirável da criação: na segunda, da Segunda Pessoa
divina e do mistério da Redenção dos homens; na terceira, da Terceira Pessoa
divina, fonte e princípio da nossa santificação» ( 191. O Símbolo «está estruturado em três partes [...] subdivididas em fórmulas variadas e muito adequadas. Segundo uma comparação frequentemente empregada pelos Padres, chamamos-lhes artigos. De facto, assim como nos nossos membros há certas articulações que os distinguem e separam, do mesmo modo, nesta profissão de fé, foi com razão e propriedade que se deu o nome de artigos às verdades que devemos crer em particular e de modo distinto» ( 192. Foram numerosas, ao longo dos séculos, e correspondendo sempre às necessidades das diferentes épocas, as profissões ou símbolos da fé: os símbolos das diferentes Igrejas apostólicas e antigas ( 193. Nenhum dos símbolos dos diferentes períodos da vida da Igreja pode ser considerado ultrapassado ou inútil. Todos nos ajudam a abraçar e a aprofundar hoje a fé de sempre, através dos diversos resumos que dela se fizeram. Entre todos os símbolos da fé, há dois que têm um lugar muito especial na vida da Igreja: 194. O Símbolo dos Apóstolos, assim chamado porque se considera, com justa razão, o resumo fiel da fé dos
Apóstolos. É o antigo símbolo baptismal da Igreja de Roma. A sua grande autoridade vem-lhe
deste
facto: «É o símbolo adoptado pela Igreja romana, aquela em que Pedro, o primeiro
dos Apóstolos, teve a sua cátedra, e para a qual ele trouxe a expressão da fé
comum» ( 195. O Símbolo dito de Niceia-Constantinopla deve a sua grande autoridade ao facto de ser proveniente desses dois primeiros concílios ecuménicos (dos anos de 325 e 381). Ainda hoje continua a ser comum a todas as grandes Igrejas do Oriente e do Ocidente. 196. A exposição da fé, que vamos fazer, seguirá o Símbolo dos Apóstolos, que constitui, por assim dizer, «o mais antigo catecismo romano». Entretanto, a nossa exposição será completada por constantes referências ao Símbolo Niceno-Constantinopolitano, muitas vezes mais explícito e pormenorizado. 197. Como no dia do nosso Baptismo, quando toda a nossa vida foi confiada «a esta regra de doutrina» (Rm 6, 17), acolhemos o Símbolo da nossa fé que dá a vida. Recitar com fé o Credo é entrar em comunhão com Deus Pai, Filho e Espírito Santo. E é também entrar em comunhão com toda a Igreja, que nos transmite a fé e em cujo seio nós acreditamos: «Este Símbolo é o selo espiritual [...], é a meditação do nosso coração e a sentinela sempre presente; é, sem dúvida, o tesouro da nossa alma» ( Capítulo Primeiro - Creio em Deus Pai 198. A nossa profissão de fé começa por Deus, porque Deus é «o Primeiro e o Último» (Is 44, 6), o Princípio e o Fim de tudo. O Credo começa por Deus Pai, porque o Pai é a Primeira Pessoa divina da Santíssima Trindade; o nosso Símbolo começa pela criação do céu e da terra, porque a criação é o princípio e o fundamento de todas as obras de Deus. Artigo 1 - «Creio em Deus Pai Todo-Poderoso Criador do Céu e da Terra» Parágrafo 1 - Creio em Deus 199. «Creio em Deus»: é esta a primeira afirmação da profissão de fé e também a mais fundamental. Todo o Símbolo fala de Deus; ao falar também do homem e do mundo, fá-lo em relação a Deus. Os artigos do Credo dependem todos do primeiro, do mesmo modo que todos os mandamentos são uma explicitação do primeiro. Os outros artigos fazem-nos conhecer melhor a Deus, tal como Ele progressivamente Se revelou aos homens. «Os fiéis professam, antes de mais nada, crer em Deus»( 200. É com estas palavras que começa o Símbolo Niceno-Constantinopolitano. A confissão da unicidade de Deus, que radica na Revelação divina da Antiga Aliança, é inseparável da confissão da existência de Deus e tão fundamental como ela. Deus é único; não há senão um só Deus: «A fé cristã crê e professa que há um só Deus, por natureza, por substância e por essência» ( 201. A Israel, seu povo eleito, Deus revelou-Se como sendo único: «Escuta, Israel! O Senhor, nosso Deus, é o único Senhor. Amarás o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todas as tuas forças» (Dt 6, 4-5). Por meio dos profetas, Deus faz apelo a Israel e a todas as nações para que se voltem para Ele, o Único: «Voltai-vos para Mim, e sereis salvos, todos os confins da terra, porque Eu sou Deus e não há outro [...] Diante de Mim se hão-de dobrar todos os joelhos, em Meu nome hão-de jurar todas as línguas. E dirão: "Só no Senhor existem a justiça e o poder"» (Is 45, 22-24) ( DEUS É AMOR 222. Crer em Deus, o Único, e amá-Lo com todo o nosso ser, tem consequências imensas para toda a nossa vida: 223. É conhecer a grandeza e a majestade de Deus: «Deus é grande demais para que O possamos conhecer» (Job 36, 26). É por isso que Deus deve ser «o primeiro a ser servido» ( 224. É viver em acção de graças:
Se Deus é o Único, tudo o que nós somos e tudo quanto possuímos vem d'Ele: «Que possuis que não tenhas recebido?»
(1 Cor 4, 7). «Como agradecerei ao Senhor tudo quanto Ele me deu?»
(Sl 116, 12). 225. É conhecer a unidade e a verdadeira dignidade de todos os homens: todos eles foram feitos «à imagem e semelhança de Deus» (Gn 1, 26). 226. É fazer bom uso das coisas criadas: A fé no Deus único leva-nos a usar de tudo quanto não for Ele, na medida em que nos aproximar d'Ele, e a desprender-nos de tudo, na medida em que d'Ele nos afastar ( «Meu Senhor e meu Deus, tira-me tudo o que me afasta de Ti. 227. É ter confiança em Deus, em todas as circunstâncias, mesmo na adversidade. Uma oração de Santa Teresa de Jesus exprime admiravelmente tal atitude: «Nada te perturbe / Nada te espante Parágrafo 3 - O Todo-Poderoso O MISTÉRIO DA APARENTE IMPOTÊNCIA DE DEUS 274. «Portanto, nada é mais próprio para firmar a nossa fé e a nossa esperança do que a convicção, profundamente arraigada nas nossas almas, de que nada é impossível a Deus. Tudo o que [o Credo] seguidamente nos propõe para crer, as coisas maiores, as mais incompreensíveis, bem como as mais sublimes e mais acima das leis ordinárias da Natureza, basta que a nossa razão tenha a ideia da omnipotência divina para as admitir facilmente e sem hesitação alguma» ( Capítulo Terceiro - Creio no Espírito Santo Artigo 12 - «Creio na Vida Eterna» 1034. Jesus fala muitas vezes da «gehena» do «fogo que não se apaga» ( Resumindo: 1064. O «Ámen» final do Credo retoma e confirma, portanto, a palavra com que começa: «Creio». Crer é dizer «Ámen» às palavras, às promessas, aos mandamentos de Deus; é fiar-se totalmente n'Aquele que é o «Ámen» de infinito amor e perfeita fidelidade. A vida cristã de cada dia será, então, o «Ámen» ao «Creio» da profissão de fé do nosso Baptismo: «Que o teu Símbolo seja para ti como um espelho. Revê-te nele, para ver se crês tudo quanto dizes crer. E alegra-te todos os dias na tua fé» ( Segunda Parte - A Celebração do Mistério Cristão Segunda Secção - Os Sete Sacramentos da Igreja Capítulo Primeiro - Os Sacramentos da Iniciação Cristã Artigo 1 - O Sacramento do Baptismo «UMA NOVA CRIATURA» 1266. A Santíssima Trindade confere ao baptizado a graça santificante, a graça da justificação, que - o torna capaz de crer em Deus, esperar n'Ele e O amar, pelas virtudes teologais; Terceira Parte - A Vida em Cristo Segunda Secção - Os Dez Mandamentos Capítulo Primeiro - «Amarás o Senhor Teu Deus com Todo o Teu Coração, com Toda a Tua Alma e com Todas as Tuas Forças» Artigo 1 - O Primeiro Mandamento A FÉ 2088. O primeiro mandamento ordena-nos que alimentemos e guardemos com prudência e vigilância a nossa fé, rejeitando tudo quanto a ela se opõe. Pode-se pecar contra a fé de vários modos: A dúvida voluntária em relação à fé negligencia ou recusa ter por verdadeiro o que Deus revelou e a Igreja nos propõe para crer. A dúvida involuntária é a hesitação em crer, a dificuldade em superar as objecções relacionadas com a fé, ou ainda a angústia suscitada pela sua obscuridade. Quando deliberadamente cultivada, a dúvida pode levar à cegueira do espírito.
Criador do Céu e da Terra;
Criador do Céu e da Terra,
de todas as coisas visíveis e invisíveis.
nosso Senhor,
Filho Unigénito de Deus,
nascido
do Pai antes de todos os séculos:
Deus de Deus, luz da luz,
Deus
verdadeiro de Deus verdadeiro;
gerado, não criado, consubstancial ao Pai.
Por Ele todas as coisas foram feitas.
E por nós, homens, e para nossa
salvação
desceu dos Céus.
do Espírito Santo;
nasceu da Virgem Maria;
no seio da Virgem Maria,
e Se fez
homem.
foi crucificado, morto e sepultado;
desceu à
mansão dos mortos;
ressuscitou ao terceiro dia;
subiu aos Céus;
está
sentado à direita de Deus Pai
todo-poderoso, de onde há-de vir a julgar
os vivos e os mortos.
padeceu e foi sepultado.
conforme as Escrituras;
e subiu aos Céus,
onde está sentado
à direita do Pai.
De novo há-de vir em sua glória,
para julgar os vivos e os mortos;
e o seu Reino não terá fim.
Senhor que dá a vida,
e procede do Pai e do
Filho;
e com o Pai e o Filho é adorado
e glorificado:
Ele que falou
pelos profetas.
na comunhão dos Santos;
católica e apostólica.
na ressurreição da carne;
na vida eterna.
Amen
para remissão dos pecados.
E espero a
ressurreição dos mortos,
e a vida do mundo que há-de vir.
Amen.
I.«Creio em um só Deus»
IV. Consequências da fé no Deus Único
Meu Senhor e meu Deus, dá-me tudo o que me aproxima de Ti.
Meu Senhor e meu Deus, desapega-me de mim mesmo, para que eu me dê todo a Ti» (
Tudo passa / Deus não muda
A paciência tudo alcança / Quem a Deus tem nada lhe falta / Só Deus basta» (
VI. A esperança dos novos céus e da nova terra
- lhe dá o poder de viver e agir sob a moção do Espírito Santo e pelos dons do Espírito Santo;
- lhe permite crescer no bem, pelas virtudes morais. Assim, todo o organismo da vida sobrenatural do cristão tem a sua raiz no santo Baptismo.