Consulta Índice Analítico






Catecismo - Consulta Índice Analítico






Artigo 2 - Na Plenitude do Tempo

JESUS ORA

2601. «Estando um dia Jesus em oração em certo lugar, quando acabou disse-Lhe um dos seus discípulos: Senhor, ensina-nos a orar» (Lc 11, 1). Não é, porventura, ao contemplar primeiro o seu Mestre em oração, que o discípulo de Cristo sente o desejo de orar? Pode então aprendê-la com o mestre da oração. É contemplando e escutando o Filho que os filhos aprendem a orar ao Pai.



JESUS ENSINA A ORAR

2607. Quando ora, Jesus já nos ensina a orar. O caminho teologal da nossa oração é a sua oração ao Pai. Mas o Evangelho fornece-nos um ensinamento explícito de Jesus sobre a oração. Como bom pedagogo, toma conta de nós no ponto em que nos encontramos e, progressivamente, conduz-nos até ao Pai. Dirigindo-Se às multidões que O seguem, Jesus parte daquilo que elas já conhecem acerca da oração segundo a Antiga Aliança e abre-as à novidade do Reino que chega. Depois, revela-lhes em parábolas essa novidade. E, por fim, aos seus discípulos que hão-de ser pedagogos da oração na sua Igreja, fala abertamente do Pai e do Espírito Santo.



2608. Jesus insiste na conversão do coração desde o sermão da montanha: a reconciliação com o irmão antes de apresentar a oferta no altar (); o amor dos inimigos e a oração pelos perseguidores (); orar ao Pai «no segredo» (Mt 6, 6); não se perder em fórmulas palavrosas (); perdoar do fundo do coração na oração (); a pureza do coração e a busca do Reino () Esta conversão está totalmente polarizada no Pai: é filial.



2609. O coração, assim decidido a converter-se, aprende a orar na fé. A fé é uma adesão filial a Deus, para além de tudo quanto sentimos e compreendemos. Tornou-se possível, porque o Filho bem-amado nos franqueia o acesso até junto do Pai. Ele pode pedir-nos que «procuremos» e «batamos à porta», porque Ele próprio é a porta e o caminho ().



2610. Do mesmo modo que Jesus ora ao Pai e Lhe dá graças antes de receber os seus dons, assim também nos ensina esta audácia filial: «tudo o que pedirdes na oração, acreditai que já o alcançastes» (Mc 11, 24). Tal é a força da oração: «tudo é possível a quem crê» (Mc 9, 23), com uma fé que não hesita (). Assim como Jesus Se entristece por causa da «falta de fé» dos seus conterrâneos (Mc 6, 6) e da «pouca fé» dos seus discípulos (), também Se enche de admiração perante a «grande fé» do centurião romano () e da cananeia ().



2611. A oração de fé não consiste somente em dizer «Senhor, Senhor!», mas em preparar o coração para fazer a vontade do Pai (). Jesus exorta os seus discípulos a levar para a oração esta solicitude em cooperar com o desígnio de Deus ().



2612. Em Jesus, «o Reino de Deus está perto». Ele apela à conversão e à fé, mas também à vigilância. Na oração (Mc 1, 15), o discípulo vela, atento Aquele que é e que vem, na memória da sua primeira vinda na humildade da carne e na esperança da sua segunda vinda na glória (). Em comunhão com o Mestre, a oração dos discípulos é um combate; é vigiando na oração que não se cai na tentação ().



2613. São Lucas transmite-nos três parábolas principais sobre a oração.

A primeira, a do «amigo importuno» (), convida-nos a uma oração persistente: «Batei, e a porta abrir-se-vos-á». Aquele que assim ora, o Pai celeste «dará tudo quanto necessitar» e dará, sobretudo, o Espírito Santo, que encerra todos os dons.

A segunda, a da «viúva importuna» (), está centrada numa das qualidades da oração: é preciso orar sem se cansar, com a paciência da fé. «Mas o Filho do Homem, quando voltar, achará porventura fé sobre a terra?».

A terceira, a do «fariseu e do publicano» (), diz respeito à humildade do coração orante. «Meu Deus, tende compaixão de mim, que sou pecador». A Igreja não cessa de fazer sua esta oração: «Kyrie, eleison!».



2614. Quando Jesus confia abertamente aos discípulos o mistério da oração ao Pai, desvenda-lhes o que deve ser a oração deles e a nossa quando Ele tiver voltado para junto do Pai, na sua humanidade glorificada. O que há de novo agora é o «pedir em seu nome» (). A fé n'Ele introduz os discípulos no conhecimento do Pai, porque Jesus é «o caminho, a verdade e a vida» (Jo 14, 6). A fé dá os seus frutos no amor: guardar a sua Palavra, os seus mandamentos, permanecer com Ele no Pai que n'Ele nos ama ao ponto de permanecer em nós. Nesta aliança nova, a certeza de sermos atendidos nas nossas petições baseia-se na oração de Jesus ().



2615. Mais ainda: o que o Pai nos dá, quando a nossa oração se une à de Jesus, é «o outro Paráclito, [...] para ficar convosco para sempre, o Espírito de verdade» (Jo14, 16-17). Esta novidade da oração e das suas condições aparece ao longo do discurso do adeus (). No Espírito Santo, a oração cristã é comunhão de amor com o Pai, não somente por Cristo, mas também n'Ele: «Até agora, não pedistes nada em meu nome. Pedi e recebereis, para a vossa alegria ser completa» (Jo 16, 24).



Resumindo:

2621. Na sua doutrina, Jesus ensina os discípulos a orar com um coração purificado, uma fé viva e perseverante, uma audácia filial. Exorta-os à vigilância e convida-os a apresentar a Deus os seus pedidos em nome d'Ele. O próprio Jesus Cristo atende as orações que Lhe são dirigidas.




Artigo 2 - O Caminho da Oração

EM COMUNHÃO COM A SANTA MÃE DE DEUS

2674. Desde o consentimento prestado na fé à Anunciação e mantido sem hesitação ao pé da cruz, a maternidade de Maria estende-se aos irmãos e irmãs do seu Filho ainda peregrinos e que caminham entre perigos e angústias (). Jesus, o único mediador, é o caminho da nossa oração; Maria, sua Mãe e nossa Mãe, é pura transparência dele: Ela «mostra o caminho» («Hodêghêtria»), é «o sinal» do caminho, segundo a iconografia tradicional no Oriente e no Ocidente.




Artigo 1 - As Expressões da Oração

II. A meditação

2707. Os métodos de meditação são tão diversos como os mestres espirituais. Um cristão deve querer meditar com regularidade; doutro modo, torna-se semelhante aos três primeiros terrenos da parábola do semeador (). Mas um método não passa de um guia; o importante é avançar, com o Espírito Santo, no caminho único da oração: Cristo Jesus.



III. A contemplação

Resumindo:

2722. A oração vocal, fundada na união do corpo e do espírito na natureza humana, associa o corpo à oração interior do coração, a exemplo de Cristo que orava ao Pai e ensinava o «Pai-nosso» aos seus discípulos.




2759. «Um dia, estava Jesus em oração, em certo lugar. Quando acabou, disse-lhe um dos seus discípulos: "Senhor, ensina-nos a orar, como João Baptista também ensinou os seus discípulos"» (Lc 11, 1). Foi em resposta a este pedido que o Senhor confiou aos seus discípulos e à sua Igreja a oração cristã fundamental. São Lucas apresenta-nos um texto breve dessa oração (cinco petições)(); São Mateus, uma versão mais desenvolvida (sete petições) (). A tradição litúrgica da Igreja reteve o texto de São Mateus (Mt 6, 9-13):

Pai Nosso que estais nos céus,
santificado seja o vosso Nome,
venha a nós o vosso Reino,
seja feita a vossa vontade assim na terra como no céu.
O pão nosso de cada dia nos dai hoje,
perdoai-nos as nossas ofensas
assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido,
e não nos deixeis cair em tentação,
mas livrai-nos do Mal.



Artigo 1 - «O Resumo de Todo o Evangelho»

II. «A oração do Senhor»

2765. A expressão tradicional «oração dominical» (isto é, «oração do Senhor») significa que a prece dirigida ao nosso Pai nos foi ensinada e legada pelo Senhor Jesus. Tal oração, que nos vem de Jesus, é verdadeiramente única: é «do Senhor». Efectivamente, por um lado, nas palavras desta oração o Filho Único dá-nos as palavras que o Pai Lhe deu (): Ele é o mestre da nossa oração. Por outro lado, sendo o Verbo encarnado, Ele conhece no seu coração de homem as necessidades dos seus irmãos e irmãs humanos e revela-no-las: Ele é o modelo da nossa oração.



2766. Mas Jesus não nos deixa uma fórmula para ser repetida maquinalmente (). Como em toda a oração vocal, é pela Palavra de Deus que o Espírito Santo ensina os filhos de Deus a orar ao seu Pai. Jesus dá-nos, não somente as palavras da nossa oração filial, mas também, ao mesmo tempo, o Espírito pelo qual elas se tornam em nós «espírito e vida» (Jo 6, 63). Mais ainda: a prova e a possibilidade da nossa oração filial é que o Pai «enviou aos nossos corações o Espírito do seu Filho que clama: "Abbá! ó Pai!"» (Gl 4, 6). Uma vez que a nossa oração traduz os nossos desejos diante do Pai, é ainda «Aquele que sonda os corações», o Pai, que «conhece o desejo do Espírito, porque é de acordo com Deus que o Espírito intercede pelos santos» (Rm 8, 27). A oração ao nosso Pai insere-se na missão misteriosa do Filho e do Espírito.



III. A oração da Igreja

Resumindo:

2773. Em resposta ao pedido dos seus discípulos («Senhor, ensina-nos a orar»: Lc 11, 1), Jesus confia-lhes a oração cristã fundamental do «Pai-nosso».



2775. É chamada «Oração Dominical», porque nos vem do Senhor Jesus, mestre e modelo da nossa oração.