Consulta Índice Analítico






Catecismo - Consulta Índice Analítico






Artigo 4 - «Jesus Cristo Padeceu Sob Pôncio Pilatos Foi Crucificado, Morto e Sepultado»

Parágrafo 1 - Jesus e Israel

574. Desde o princípio do ministério público de Jesus, fariseus e partidários de Herodes, com sacerdotes e escribas, puseram-se de acordo para lhe dar a morte (). Por alguns dos seus actos (expulsões de demónios (); perdão dos pecados () curas em dia de sábado (); interpretação original dos preceitos de pureza legal (): trato familiar com publicanos e pecadores públicos (), Jesus pareceu a alguns, mal intencionados, suspeito de possessão diabólica (). Foi acusado de blasfémia () e de falso profetismo (), crimes religiosos que a Lei castigava com a pena de morte por apedrejamento ().



575. Muitas atitudes e palavras de Jesus foram, portanto, «sinal de contradição» () para as autoridades religiosas de Jerusalém, a quem o Evangelho de São João muitas vezes chama simplesmente «os Judeus» (), mais ainda do que para o comum do Povo de Deus (). Sem dúvida que as suas relações com os fariseus não foram unicamente polémicas: são fariseus que O previnem do perigo que corre (). Jesus louva alguns de entre eles, como o escriba de Mc 12, 34, e em várias ocasiões come em casa de fariseus (). Jesus confirma doutrinas partilhadas por esta elite religiosa do povo de Deus: a ressurreição dos mortos () formas de piedade (esmola, jejum e oração ()) e o hábito de se dirigir a Deus como Pai, o carácter central do mandamento do amor de Deus e do próximo ().



576. Aos olhos de muitos em Israel, parece que Jesus procede contra as instituições essenciais do Povo eleito:

- a submissão à Lei, na totalidade dos seus preceitos escritos e, para os fariseus, na interpretação da tradição oral;

- a centralidade do templo de Jerusalém, como lugar santo em que Deus habita de maneira privilegiada;

- a fé no Deus único, cuja glória nenhum homem pode partilhar.



I. Jesus e a Lei

579. Este princípio da integralidade da observância da Lei, não só na letra mas também no espírito, era caro aos fariseus. Tomando-o extensivo a Israel, conduziram muitos judeus do tempo de Jesus a um zelo religioso extremo (). E um tal zelo, se não se ficasse por uma casuística «hipócrita» (), com certeza que prepararia o povo para esta inaudita intervenção de Deus, que será o cumprimento perfeito da Lei pelo único justo representante de todos os pecadores ().



581. Jesus apareceu aos olhos dos Judeus e dos seus chefes espirituais como um «rabbi» (). Muitas vezes argumentou, no quadro da interpretação rabínica da Lei (). Mas, ao mesmo tempo, Jesus tinha forçosamente de Se confrontar com os doutores da Lei porque não Se contentava com propor a sua interpretação a par das deles: «ensinava como quem tem autoridade e não como os escribas» (Mt 7, 28-29). N'Ele, era a própria Palavra de Deus, que Se fizera ouvir no Sinai, para dar a Moisés a Lei escrita, que de novo Se fazia ouvir sobre a montanha das bem-aventuranças (). Esta Palavra de Deus não aboliu a Lei, mas cumpriu-a, ao fornecer, de modo divino, a sua interpretação última: «Ouvistes que foi dito aos antigos [...] Eu, porém, digo-vos» (Mt 5, 33-34). Com esta mesma autoridade divina, desaprova certas «tradições humanas» () dos fariseus, que «anulam a Palavra de Deus» ().



III. Jesus e a fé de Israel no Deus único e salvador

588. Jesus escandalizou os fariseus por comer com os publicanos e os pecadores () tão familiarmente como com eles (). Contra aqueles «que se consideravam justos e desprezavam os demais» (Lc 18, 9) () Jesus afirmou: «Eu não vim chamar os justos, vim chamar os pecadores, para que se arrependam» (Lc 5, 32). E foi mais longe, afirmando, diante dos fariseus, que, sendo o pecado universal (), cegam-se a si próprios () aqueles que pretendem não precisar de salvação.



Parágrafo 2 - Jesus Morreu Crucificado

I. O processo de Jesus

DIVISÕES ENTRE AS AUTORIDADES JUDAICAS A RESPEITO DE JESUS

595. Entre as autoridades religiosas de Jerusalém, não somente se encontravam o fariseu Nicodemos () e o notável José de Arimateia, discípulos ocultos de Jesus (), mas também, durante muito tempo, houve dissensões a respeito d'Ele () ao ponto de, na própria véspera da paixão. João poder dizer deles que «um bom número acreditou n' Ele», embora de modo assaz imperfeito (Jo 12, 42); o que não é nada de admirar, tendo-se presente que, no dia seguinte ao de Pentecostes, «um grande número de sacerdotes se submetia à fé» (Act 6, 7) e «alguns homens do partido dos fariseus tinham abraçado a fé» (Act 15, 5), de tal modo que São Tiago podia dizer a São Paulo que «muitos milhares entre os judeus abraçaram a fé e todos têm zelo pela Lei» (Act 21, 20).



596. As autoridades religiosas de Jerusalém não foram unânimes na atitude a adoptar a respeito de Jesus (). Os fariseus ameaçaram de excomunhão aqueles que O seguissem (). Aos que temiam que «todos acreditassem n'Ele e os romanos viessem destruir o templo e a nação» (Jo 11, 48), o sumo sacerdote Caifás propôs, profetizando: «E do vosso interesse que morra um só homem pelo povo e não pereça a nação inteira» (Jo 11, 50). O Sinédrio, tendo declarado Jesus «réu de morte» () como blasfemo, mas tendo perdido o direito de condenar à morte fosse quem fosse (), entregou Jesus aos romanos, acusando-O de revolta política () - o que O colocava em pé de igualdade com que Barrabás, acusado de «sedição» (Lc 23, 19). São também de carácter político as ameaças que os sumos-sacerdotes fazem a Pilatos, pressionando-o a condenar Jesus à morte ().




Artigo 11 - «Creio na Ressurreição da Carne»

I. A ressurreição de Cristo e a nossa ressurreição

REVELAÇÃO PROGRESSIVA DA RESSURREIÇÃO

993. Os fariseus () e muitos contemporâneos do Senhor () esperavam a ressurreição. Jesus ensina-a firmemente. E aos saduceus, que a negavam, responde: «Não andareis vós enganados, ignorando as Escrituras e o poder de Deus?» (Mc 12, 24). A fé na ressurreição assenta na fé em Deus, que «não é um Deus de mortos, mas de vivos» (Mc 12, 27).





«MESTRE, QUE HEI-DE FAZER...?»

2054. Jesus retomou os dez mandamentos, mas manifestou a força do Espírito que actua na letra em que eles se exprimem. Pregou a «justiça que excede a dos escribas e fariseus» (), do mesmo modo que a dos pagãos (). E explicou todas as exigências dos mandamentos: «Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás [...]; Eu, porém, digo-vos: Quem se irritar contra o seu irmão será réu perante o tribunal» (Mt 5, 21-22).




Artigo 5 - O Quinto Mandamento

II. O respeito pela dignidade das pessoas

O RESPEITO PELA ALMA DO PRÓXIMO: O ESCÂNDALO

2285. O escândalo reveste-se duma gravidade particular conforme a autoridade dos que o causam ou a fraqueza dos que dele são vítimas. Ele inspirou esta maldição a nosso Senhor: «Mas se alguém escandalizar um destes pequeninos que crêem em Mim, seria preferível que lhe suspendessem do pescoço a mó de um moinho e o lançassem nas profundezas do mar» (Mt 18, 6) (). O escândalo é grave quando é causado por aqueles que, por natureza ou em virtude da função que exercem, tem a obrigação de ensinar e de educar os outros. Jesus censura-o nos escribas e fariseus, comparando-os a lobos disfarçados de cordeiros ().