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Catecismo - Consulta Índice Analítico





Artigo 3 - As Sete Petições

VI. «Não nos deixeis cair em tentação»

2846. Esta petição atinge a raiz da precedente, porque os nossos pecados são fruto do consentimento na tentação. Nós pedimos ao nosso Pai que não nos «deixe cair» na tentação. Traduzir numa só palavra o termo grego é difícil. Significa «não permitas que entre em» (), «não nos deixes sucumbir à tentação». «Deus não é tentado pelo mal, nem tenta ninguém» (Tg 1, 13). Pelo contrário, Ele quer livrar-nos do mal. O que Lhe pedimos é que não nos deixe seguir pelo caminho que conduz ao pecado. Nós andamos empenhados no combate «entre a carne e o Espírito». Esta petição implora o Espírito de discernimento e de fortaleza.



VII. «Mas livrai-nos do Mal»

2850. A última petição ao nosso Pai também está incluída na oração de Jesus: «Não peço que os tires do mundo, mas que os guardes do Maligno» (Jo 17, 15). Ela diz-nos respeito, a cada um pessoalmente, mas somos sempre «nós» que rezamos, em comunhão com toda a Igreja, pela libertação de toda a família humana. A oração do Senhor não cessa de nos abrir às dimensões da economia da salvação. A nossa interdependência no drama do pecado e da morte transforma-se em solidariedade no corpo de Cristo, em «comunhão dos santos» ().



2851. Nesta petição, o Mal não é uma abstracção, mas designa uma pessoa, Satanás, o Maligno, o anjo que se opõe a Deus. O «Diabo» («dia-bolos») é aquele que «se atravessa» no desígnio de Deus e na sua «obra de salvação» realizada em Cristo.



2852. «Assassino desde o princípio, [...] mentiroso e pai da mentira» (Jo 8, 44), «Satanás, que seduz o universo inteiro» (Ap 12, 9), foi por ele que o pecado e a morte entraram no mundo, e é pela sua derrota definitiva que toda a criação será «liberta do pecado e da morte» (). «Sabemos que ninguém que nasceu de Deus peca, porque o preserva Aquele que foi gerado por Deus, e o Maligno, assim, não o atinge. Sabemos que somos de Deus e que o mundo inteiro está sujeito ao Maligno» (1 Jo 5, 18-19):

«O Senhor, que tirou o vosso pecado e perdoou as vossas faltas, tem poder para vos proteger e guardar contra as insídias do Diabo que vos combate, para que não vos surpreenda o inimigo que tem o hábito de engendrar a culpa. Mas quem a Deus se entrega não tem medo do Diabo. Porque "se Deus está por nós, quem contra nós?" (Rm 8, 31)» ().



2853. A vitória sobre o «príncipe deste mundo» () foi alcançada, duma vez para sempre, na «Hora» em que Jesus livremente Se entregou à morte para nos dar a sua vida. Foi o julgamento deste mundo, e o príncipe deste mundo foi «lançado fora» (). «Pôs-se a perseguir a Mulher»(Ap 12, 13) (), mas não logrou alcançá-la: a nova Eva, «cheia da graça» do Espírito Santo, foi preservada do pecado e da corrupção da morte (Imaculada Conceição e Assunção da santíssima Mãe de Deus, Maria, sempre Virgem). Então, «furioso contra a Mulher, foi fazer guerra contra o resto da sua descendência» (Ap 12, 17). Eis porque o Espírito e a Igreja rogam: «Vem, Senhor Jesus!» (Ap 22, 17.20), já que a sua vinda nos libertará do Maligno.



2854. Ao pedirmos para sermos libertados do Maligno, pedimos igualmente para sermos livres de todos os males, presentes, passados e futuros, dos quais ele é autor ou instigador. Nesta última petição, a Igreja leva à presença do Pai toda a desolação do mundo. Com a libertação dos males que pesam sobre a humanidade, a Igreja implora o dom precioso da paz e a graça da espera perseverante do regresso de Cristo. Orando assim, antecipa na humildade da fé a recapitulação de todos e de tudo, n'Aquele que «tem as chaves da morte e da morada dos mortos» (Ap 1, 18), «Aquele que é, que era e que há-de vir, o Todo-Poderoso» (Ap 1, 8) ():

«Livrai-nos de todo o mal, Senhor, e dai ao mundo a paz em nossos dias, para que, ajudados pela vossa misericórdia, sejamos sempre livres do pecado e de toda a perturbação, enquanto esperamos a vinda gloriosa de Jesus Cristo nosso Salvador» ()