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Catecismo - Consulta Índice Geral




Artigo 4 - «Jesus Cristo Padeceu Sob Pôncio Pilatos Foi Crucificado, Morto e Sepultado»

Parágrafo 1 - Jesus e Israel

III. Jesus e a fé de Israel no Deus único e salvador

587. Se a Lei e o templo de Jerusalém puderam ser ocasião de «contradição» () entre Jesus e as autoridades religiosas de Israel, o seu papel na redenção dos pecados, obra divina por excelência, foi, para essas autoridades, a verdadeira pedra de escândalo ().



588. Jesus escandalizou os fariseus por comer com os publicanos e os pecadores () tão familiarmente como com eles (). Contra aqueles «que se consideravam justos e desprezavam os demais» (Lc 18, 9) () Jesus afirmou: «Eu não vim chamar os justos, vim chamar os pecadores, para que se arrependam» (Lc 5, 32). E foi mais longe, afirmando, diante dos fariseus, que, sendo o pecado universal (), cegam-se a si próprios () aqueles que pretendem não precisar de salvação.



589. Jesus escandalizou, sobretudo, por ter identificado a sua conduta misericordiosa para com os pecadores com a atitude do próprio Deus a respeito dos mesmos ().Chegou, até, a dar a entender que, sentando-Se à mesa dos pecadores (), os admitia no banquete messiânico (). Mas foi muito particularmente ao perdoar os pecados que Jesus colocou as autoridades religiosas de Israel perante um dilema. É que, como essas autoridades justamente dizem, apavoradas, «só Deus pode perdoar os pecados» (Mc 2, 7). Jesus ao perdoar os pecados, ou blasfema por ser um homem que se faz igual a Deus (), ou diz a verdade e a Sua pessoa torna então presente e revela o nome de Deus ().



590. Só a identidade divina da pessoa de Jesus é que pode justificar uma exigência tão absoluta como esta: «Quem não está comigo, está contra Mim» (Mt 12, 30); o mesmo se diga de quando afirma ser «mais que Jonas,... mais que Salomão» (Mt 12, 41-42), «mais que o templo» (); de quando lembra, a respeito de si próprio, que David chamou ao Messias o seu Senhor (); de quando afirma: «Antes de Abraão existir, "Eu sou"» (Jo 8, 58); e ainda mais: «Eu e o Pai somos um» (Jo 10, 30).



591. Jesus pediu às autoridades religiosas de Jerusalém que acreditassem n'Ele, por causa das obras do seu Pai que Ele fazia (). Mas tal acto de fé tinha de passar por uma misteriosa morte para si mesmo, a qual desse lugar a um novo «nascimento do Alto» (), por atracção da graça divina (). Tal exigência de conversão, face a um tão surpreendente cumprimento das promessas (), permite compreender o trágico desdém do Sinédrio, ao sentenciar que Jesus merecia a morte como blasfemo (). Os membros do Sinédrio agiam assim, ao mesmo tempo por «ignorância» () e pelo «endurecimento» () da sua «incredulidade» ().



Resumindo:

592. Jesus não aboliu a Lei do Sinai, mas cumpriu-a () com tal perfeição () que revelou o sentido último dela () e resgatou as transgressões contra ela cometidas ().



593. Jesus venerou o templo, subindo a ele nas festas judaicas de peregrinação e amou com amor zeloso esta morada de Deus entre os homens. O templo prefigura o seu mistério. Quando anuncia a sua destruição, fá-lo como revelação da sua própria morte e da entrada numa nova idade da história da salvação, em que o seu Corpo será o templo definitivo.



594. Jesus praticou actos, como o perdão dos pecados, que O manifestaram como sendo o próprio Deus salvador (). Alguns judeus, que, não reconhecendo o Deus feito homem () viam n'Ele «um homem que se faz Deus» (), julgaram-n'O como blasfemo.