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Catecismo - Consulta Índice Geral




Artigo 2 - O Combate da Oração

III. A confiança filial

PERANTE AS TENTAÇÕES NA ORAÇÃO

2734. A confiança filial é posta à prova - e prova-se a si mesma - na tribulação (). A principal dificuldade diz respeito à oração de petição, na intercessão por si ou pelos outros. Alguns deixam mesmo de orar porque, segundo pensam, o seu pedido não é atendido. Aqui, duas questões se põem: Por que é que pensamos que o nosso pedido não é atendido? E como é que a nossa oração é atendida, e «eficaz»?



PORQUE NOS LAMENTARMOS POR NÃO SERMOS ATENDIDOS?

2735. Antes de mais, uma constatação deveria surpreender-nos. É que, quando louvamos a Deus ou Lhe damos graças pelos seus benefícios em geral, não nos importamos nada com saber se a nossa oração Lhe é agradável, ao passo que exigimos ver o resultado da nossa petição. Qual é, então, a imagem de Deus que motiva a nossa oração: um meio a utilizar ou o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo?



2736. Será que estamos convencidos de que «não sabemos o que pedir, para rezar como devemos» (Rm 8, 26)? Será que pedimos a Deus «os bens convenientes»? O nosso Pai sabe muito bem do que precisamos, antes que Lho peçamos (), mas espera o nosso pedido, porque a dignidade dos seus filhos está na sua liberdade. Devemos, pois, orar com o seu Espírito de liberdade para podermos conhecer de verdade qual é o seu desejo ().



2737. «Não tendes, porque não pedis. Pedis e não recebeis, porque pedis mal, pois o que pedis é para satisfazer as vossas paixões» (Tg 4, 2-3) (). Se pedirmos com um coração dividido, «adúltero» (), Deus não pode atender-nos, pois quer o nosso bem, a nossa vida. «Ou pensais que a Escritura diz em vão: "o Espírito que habita em nós ama-nos com ciúme"?» (Tg 4, 5). O nosso Deus é «ciumento» de nós e isso é sinal da verdade do seu amor. Entremos no desejo do seu Espírito e seremos atendidos:

«Não te aflijas, se não recebes logo de Deus o que Lhe pedes: é que Ele quer beneficiar-te ainda mais pela tua perseverança em permanecer com Ele na oração» ().

Ele quer «que o nosso desejo se exercite na oração dilatando-nos, de modo a termos capacidade para receber o que Ele prepara para nos dar» ().



COMO É QUE A NOSSA ORAÇÃO SERIA EFICAZ?

2738. A revelação da oração na economia da salvação ensina-nos que a fé se apoia na acção de Deus na história. A confiança filial é suscitada pela sua acção por excelência: a paixão e ressurreição do seu Filho. A oração cristã é cooperação com a sua providência, com o seu desígnio de amor para com os homens.



2739. Em São Paulo, esta confiança é audaciosa (), apoiando-se na oração do Espírito em nós e no amor fiel do Pai que nos deu o seu Filho Único (). A transformação do coração que ora é a primeira resposta ao nosso pedido.



2740. A oração de Jesus faz da oração cristã uma petição eficaz. Jesus é o modelo da oração cristã; Ele ora em nós e connosco. Uma vez que o coração do Filho não procura senão o que agrada ao Pai, como poderia o dos filhos adoptivos apegar-se mais aos dons que ao Doador?



2741. Jesus também ora por nós, em nosso lugar e em nosso favor. Todos os nossos pedidos foram reunidos, de uma vez por todas, no seu brado sobre a cruz e atendidos pelo Pai na sua ressurreição; e é por isso que Ele não cessa de interceder por nós junto do Pai (). Se a nossa oração estiver resolutamente unida à de Jesus na confiança e na audácia filial, obteremos tudo o que pedirmos em seu nome e muito mais do que isto ou aquilo: o próprio Espírito Santo que inclui todos os dons.