Índice Litúrgico
Artigo 3 - «Jesus Cristo Foi Concebido Pelo Poder do Espírito Santo e Nasceu da Virgem Maria»
Parágrafo 3 - Os Mistérios da Vida de Cristo
II. Os mistérios da infância e da vida oculta de JesusOS PREPARATIVOS
522. A vinda do Filho de Deus à terra é um acontecimento tão grandioso, que Deus quis prepará-lo durante séculos. Ritos e sacrifícios, figuras e símbolos da «primeira Aliança» (), tudo Deus faz convergir para Cristo. Anuncia-O pela boca dos profetas que se sucedem em Israel. E, por outro lado, desperta no coração dos pagãos a obscura expectativa desta vinda.
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523. São João Baptista é o precursor imediato do Senhor (), enviado para Lhe preparar o caminho (). «Profeta do Altíssimo» (Lc 1, 76), supera todos os profetas (), é o último deles () inaugura o Evangelho (); saúda a vinda de Cristo desde o seio da sua Mãe () e põe a sua alegria em ser «o amigo do esposo» (Jo 3, 29) que ele designa como «Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo» (Jo 1, 29). Precedendo Jesus «com o espírito e o poder de Elias» (Lc 1, 17), dá testemunho d'Ele pela sua pregação, pelo seu baptismo de conversão e, finalmente, pelo seu martírio ().
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Artigo 8 - «Creio No Espírito Santo»
III. O Espírito e a Palavra de Deus, no tempo das promessasA EXPECTATIVA DO MESSIAS E DO SEU ESPÍRITO
711. «Eis que vou fazer algo de novo» (Is 43, 19): duas linhas proféticas vão ser traçadas, incidindo uma sobre a expectativa do Messias e outra sobre o anúncio dum Espírito novo, convergindo ambas no pequeno «resto», o povo dos pobres (), que aguarda na esperança a «consolação de Israel» e «a libertação de Jerusalém» (Lc 2, 25.38).
Vimos mais atrás como Jesus cumpriu as profecias que Lhe diziam respeito. Limitamo-nos agora àquelas em que aparece mais clara a relação entre o Messias e o seu Espírito.
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712. Os traços do rosto do Messias esperado começam a aparecer no Livro do Emanuel () (quando Isaías [...] teve a visão da glória» de Cristo: Jo 12, 41), particularmente em Is 11, 1-2:
«Naquele dia,
sairá um ramo do tronco de Jessé
e um rebento brotará das suas raízes.
Sobre ele repousará o Espírito do Senhor:
espírito de sabedoria e de entendimento,
espírito de conselho e de fortaleza,
espírito de conhecimento e de temor do Senhor».
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713. Os traços do Messias são revelados sobretudo nos cânticos do Servo (). Estes cânticos anunciam o sentido da paixão de Jesus, indicando assim a maneira como Ele derramará o Espírito Santo para dar vida à multidão: não a partir do exterior, mas assumindo a nossa «condição de servo» (Fl 2, 7). Tomando sobre Si a nossa morte, Ele pode comunicar-nos o seu próprio Espírito de vida.
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714. É por isso que Cristo inaugura o anúncio da Boa-Nova, apropriando-Se desse passo de Isaías (Lc 4, 18-19) () :
«O Espírito do Senhor Deus está sobre Mim,
porque o Senhor Me ungiu.
Enviou-Me a anunciar a Boa-Nova aos que sofrem,
para curar os desesperados,
para anunciar a libertação aos exilados
e a liberdade aos prisioneiros,
para proclamar o ano da graça do Senhor».
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715. Os textos proféticos, respeitantes directamente ao envio do Espírito Santo, são oráculos em que Deus fala ao coração do seu povo na linguagem da promessa, com os acentos do «amor e da fidelidade» (), cujo cumprimento São Pedro proclamará na manhã do Pentecostes ()». Segundo estas promessas, nos «últimos tempos» o Espírito do Senhor há-de renovar o coração dos homens, gravando neles uma lei nova; reunirá e reconciliará os povos dispersos e divididos; transformará a primeira criação e Deus habitará nela com os homens, na paz.
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716. O povo dos «pobres» () , dos humildes e dos mansos, totalmente entregues aos desígnios misteriosos do seu Deus, o povo dos que esperam a justiça, não dos homens mas do Messias, tal é, afinal, a grande obra da missão oculta do Espírito Santo, durante o tempo das promessas, para preparar a vinda de Cristo. É a qualidade do seu coração, purificado e iluminado pelo Espírito, que se exprime nos salmos. Nestes pobres, o Espírito prepara para o Senhor «um povo bem disposto» ().
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JOÃO, PRECURSOR, PROFETA E BAPTISTA
717. «Apareceu um homem, enviado por Deus, que tinha o nome de João» (Jo 1, 6). João é «cheio do Espírito Santo já desde o seio materno» (Lc 1, 15) (), pelo próprio Cristo que a Virgem acabava de conceber por obra e graça do Espírito Santo. A « visitação» de Maria a Isabel tornou-se, assim, «visita de Deus ao seu povo» ().
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718. João é «Elias que devia vir» (). O fogo do Espírito habita nele e fá-lo «correr à frente» (como «precursor») do Senhor que chega. Em João o Precursor, o Espírito Santo acaba de «preparar para o Senhor um povo bem disposto» (Lc 1, 17).
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719. João é «mais do que um profeta» (). Nele, o Espírito Santo consuma o «falar pelos profetas». João termina o ciclo dos profetas inaugurado por Elias (). Anuncia como iminente a consolação de Israel; é ele a «voz» do Consolador que vai chegar (). Tal como fará o Espírito da verdade, «ele vem como testemunha, para dar testemunho da Luz» (Jo 1, 7) (). A respeito de João, o Espírito cumpre assim as «indagações dos profetas» e o «desejo» dos anjos (): «Aquele sobre Quem vires o Espírito Santo descer e permanecer, é Ele que baptiza no Espírito Santo. Ora, eu vi e dou testemunho de que Ele é o Filho de Deus [...] Eis o Cordeiro de Deus!» (Jo 1, 33-36).
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720. Finalmente, com João Baptista, o Espírito Santo inaugura, em prefiguração, aquilo que vai realizar com e em Cristo: restituir ao homem «a semelhança» divina. O baptismo de João era para o arrependimento: o Baptismo na água e no Espírito será um novo nascimento ().
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«ALEGRA-TE, Ó CHEIA DE GRAÇA»
722. O Espírito Santo preparou Maria pela sua graça. Convinha que fosse «cheia de graça» a Mãe d'Aquele em Quem «habita corporalmente a plenitude da divindade» (Cl 2, 9). Ela foi, por pura graça, concebida sem pecado, como a mais humilde das criaturas, a mais capaz de acolher o dom inefável do Omnipotente. É a justo título que o anjo Gabriel a saúda como «Filha de Sião»: «Ave» (= «Alegra-te») (). É a acção de graças de todo o povo de Deus, e portanto da Igreja, que ela faz subir até ao Pai, no Espírito Santo, com o seu cântico () , quando já portadora, em si, do Filho eterno.
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Artigo 4 - O Sacramento da Penitência e da Reconciliação
III. A conversão dos baptizados1427. Jesus chama à conversão. Tal apelo é parte essencial do anúncio do Reino: «O tempo chegou ao seu termo, o Reino de Deus está próximo: convertei-vos e acreditai na boa-nova» (Mc 1, 15). Na pregação da Igreja, este apelo dirige-se, em primeiro lugar, àqueles que ainda não conhecem Cristo e o seu Evangelho. Por isso, o Baptismo é o momento principal da primeira e fundamental conversão. É pela fé na boa-nova e pelo Baptismo () que se renuncia ao mal e se adquire a salvação, isto é, a remissão de todos os pecados e o dom da vida nova.
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1428. Ora, o apelo de Cristo à conversão continua a fazer-se ouvir na vida dos cristãos. Esta segunda conversão é uma tarefa ininterrupta para toda a Igreja, que «contém pecadores no seu seio» e que é, «ao mesmo tempo, santa e necessitada de purificação, prosseguindo constantemente no seu esforço de penitência e de renovação» (). Este esforço de conversão não é somente obra humana. É o movimento do «coração contrito» () atraído e movido pela graça () para responder ao amor misericordioso de Deus, que nos amou primeiro ().
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1429. Testemunho disto mesmo, é a conversão de Pedro, depois de três vezes ter negado o seu mestre. O olhar infinitamente misericordioso de Jesus provoca-lhe lágrimas de arrependimento () e, depois da ressurreição do Senhor, a tríplice afirmação do seu amor para com Ele ().A segunda conversão tem, também, uma dimensão comunitária. Isto aparece no apelo dirigido pelo Senhor a uma Igreja inteira: «Arrepende-te!» (Ap 2, 5-16).
Santo Ambrósio diz, a respeito das duas conversões que, na Igreja, «existem a água e as lágrimas: a água do Baptismo e as lágrimas da Penitência»
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